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DIÁRIO DE LICURGO
Para falar de um diário de Licurgo, onde ele relata sua vida em Portugal e também um período no Brasil após seu retorno, é importante enfatizar o quanto lhe foi difícil, porém prazeroso, realizar o grande sonho de ir a Europa, mesmo tendo que retornar, pois seu maior desejo era permanecer por lá.
Toda sua vida com relação à arte foi sempre cercada de grandes dificuldades financeiras; porém, ele foi obstinado na luta por realizar seus mais distantes e impossíveis sonhos. Foi, portanto, com determinação e alguns incentivos que deu o pontapé inicial, em Salvador, cidade onde morava, no ano de 1973, realizando assim sua 1º exposição. A luta continuou, até que ele conseguiu, com a ajuda de Yolanda Aromatis, sua transferência para o Rio de Janeiro, sonho ardentemente acalantado durante anos.
Na ‘cidade maravilhosa’, exercitou os seus dons artísticos com muita garra e grande alegria. Sempre batalhando e querendo voar mais alto, conseguiu embarcar para a Europa, em 1996, mesmo que apenas com a passagem de ida, comprada com a indenização recebida da Siemens do Brasil, onde trabalhou por muitos anos.
Em Portugal, na Travessa do Fala Só, nº. 9 – 1º andar, trabalhou no restaurante “Espaço Cabo Verde”, onde cuidava dos serviços gerais. Trabalhava muito, e conforme seus relatos diários, não era bem tratado pelos patrões; apesar dessas dificuldades, não se abateu e buscou aproveitar ao máximo todos os momentos de encontros com amigos, muitos por sinal; encontros de arte, exposições, visitas a pontos turísticos, pinturas ao ar livre e, finalmente, mais um grande sonho realizado: viajou para Paris, fechando assim com chave de ouro sua estada no Velho Mundo.
Seus momentos em Paris foram descritos com tanta emoção, que não deixou dúvida: tudo valeu muito a pena!
De maneira contundente, Licurgo classificou o comportamento de seus patrões, quando retornou de Paris, pelo fato de o terem maltratado, com palavras fortes: “De uma coisa tenho certeza: Eles sofrem de câncer d’alma, A INVEJA!!!”
Outro relato impressionante, quando ele já estava de volta ao Brasil (18/07/97) foi o seguinte: “Impetuoso destino dos meus trabalhos no Parque Laje. Dói N’alma!”. “São 2 da madrugada em Paquetá; a inquietação em minh’alma devido ao sumiço dos meus três quadros na sala do Parque Laje, tira-me o sono. Tudo porque não tenho pra quem apelar por uma ajuda, no sentido de recuperar minhas obras!”
Esses acontecimentos foram presentes em sua vida artística... Ocorreram em: Salvador, Rio de Janeiro e Europa.
Texto: Maria José Miranda Rego. |
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